Carlinhos Veiga
Acabo de chegar da Inglaterra. Dentre os lugares que eu queria conhecer nessa viagem constava a cidade de Cheltenham Spa, distante duas horas de Londres. Exatamente naqueles dias de agosto acontecia um dos maiores encontros de artes cristãs do mundo, o Greenbelt Festival. Um grande evento que agrega temáticas como Louvor e Adoração, Ecologia, Fé e Justiça, além de estimular a colaboração criativa e parcerias missionárias.
Essa foi a 39ª edição desse festival que reuniu em 2012 cerca de 22 mil participantes. Foi impressionante ver tanta gente junta, de diferentes matizes cristãs, eclesiásticas e missionárias, desde alas mais conservadoras a outras de vanguarda, de diferentes colorações teológicas, num convívio respeitoso e fraterno, algo que anda bem difícil de se ver hoje em dia. Dividiam aquele espaço igrejas conhecidas no Brasil, bem como missões, movimentos e ONGs que também atuam por aqui como Mocidade Para Cristo, Jocum, A Rocha, Interserve, Labri, L’Arche (A Arca), entre inúmeras outras.
A programação acontecia em 22 espaços distintos, simultaneamente. Durante todo o dia eram apresentados inúmeros shows musicais, peças teatrais, comédias, arte circense, mostra de cinema, artes visuais e fotografia, mas também lançamentos de livros seguidos de debates com os autores, palestras, oficinas, entre outras atividades. Alguns desses espaços eram reservados para atividades com crianças.
O maior palco do Greenbelt, o “Main Stage”, era a única estrutura capaz de reunir de uma só vez todos os participantes. Era nele que aconteciam os grandes shows das noites e a celebração da eucaristia – um dos momentos mais significativos do evento. Nesse tempo, realizado no domingo pela manhã, todos paravam suas atividades e se dirigiam ao “palcão”, para a realização desse grande culto.
Talvez você esteja pensando: e a infra-estrutura para receber essa multidão? Onde eles se hospedavam? Onde comiam? E os banheiros para
toda essa gente? Esse foi um dos aspectos que mais me impressionou. O evento acontece desde 1999 num hipódromo famoso por receber uma das mais importantes provas de corridas e saltos de cavalos – o Cheltenham Gold Cup. O público do Greenbelt, na sua grande maioria, se hospeda por ali mesmo, em barracas e come nas diversas tendas de duas enormes praças de alimentação instaladas. Ali se vende de tudo: sanduíches, pizzas, frutas, cafés e bares. Alguns outros preferem as estruturas hoteleiras da cidade que fica a pouco mais de 3 quilômetros do local. Vale a pena lembrar que, apesar do Festival acontecer em pleno verão europeu, a chuva pode cair a qualquer momento, como aconteceu nesse ano (veja só esse vídeo). As galochas coloridas e as capas de chuva compõe o cenário do evento. E o público parece não se importar com essas questões. Ao contrário, tudo isso dá um charme a mais.
O Greenbelt é organizado e mantido por um grupo de entidades parceiras, entre elas a Igreja Metodista da Inglaterra, Church Times, Christian Aid e os Greenbelt Angels – um grupo de mantenedores voluntários que se comprometem em contribuir, orar e trabalhar pela realização do evento. Ao todo são mais de 2.000 equipantes envolvidos.
Segundo os organizadores, o Greenbelt não é apenas um evento de entretenimento. É muito mais. Pretende ser um espaço onde as pessoas que por ali passam saiam desejando viver mais, amar mais e promover mais justiça e mais generosidade por meio de suas ações. E, pelo que me pareceu, isso acontece.
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