Fabiane Lima
Desde o surgimento dos livros digitais, há uma turma por aí que torce o nariz para eles, aparentemente sem motivo. Se antes não havia dispositivo que pudesse imitar a textura sem brilho do papel, hoje as vantagens de se ler a série A Song of Ice and Fire em formato digital superam muito as possíveis vantagens que poderiam haver em lê-la no livro físico, por exemplo. Daí se conclui que a turma supracitada tem algo mais parecido com uma parafilia, querendo sentir o toque e o cheiro do papel, e ver toda a sua coleção pegando poeira e sendo tomada por traças numa bela estante estrategicamente posicionada para impressionar as visitas. Mas tara é tara, e cada um com as suas.
O assunto deste texto, porém, é outro. Apesar de a disponibilidade de livros digitais hoje ser grande, podendo-se achar quase qualquer título nas Amazons da vida, nem tudo são flores. Aquele “quase” ali inclui livros acadêmicos, livros lançados apenas no Brasil (sejamos sinceros: nenhum serviço brasileiro de livros digitais se compara minimamente com a Amazon), edições antigas, e uma série de outras possibilidades que impedem leitores adeptos deste novo formato de conseguir ler em seus aparelhinhos. No Brasil, a demanda por livros digitais é ainda muito pequena, seja por falta de quem compre ou pela falta de eReaders, o que desencoraja editoras a digitalizar seu acervo.
E o que fazer quando você se dá conta de que há em sua casa uma estante cheia de títulos acumulados ao longo da vida e que jamais lerá, justamente por não estarem em formato digital? E que alguns daqueles títulos você realmente precisa ler, uma vez que se tratam de literatura básica para uma futura vida acadêmica que você vem planejando, e para a qual a editora não está afim de contribuir? O que fazer? Como proceder?
Digitalizar seu acervo (para uso pessoal, logicamente) não é uma tarefa fácil. Em primeiro lugar, é preciso que três coisas fiquem claras:
- Paciência: digitalizar um livro não é um trabalho divertido. Ver as horas passando no relógio e perceber que nem 20% do tomo foi escaneado e você perdeu todo um sábado em que poderia estar pedalando lá fora pode ser incrivelmente desanimador.
- Desapego: seu livro, que custou não menos que duas refeições no Outback, pode ficar em estado lastimável se você não tem acesso a uma belezinha dessas. Pense que pode sim valer a pena e que, no final, o que conta é o conteúdo. Depois você pode pegar dois volumes daquela Barsa que não usa mais e tentar des-desengonçá-lo.
- Uso pessoal: é recomendável não distribuir sua cópia digital por aí. Quando se compra um livro, automaticamente se concorda com termos que impedem a reprografia e redistribuição.
Se você chegou até aqui e ainda tem intenção de fazer a conversão de seus livros, seguem abaixo algumas dicas: